A ponte é uma passagem

Hoje,  tornei-me Lisboeta.

Depois de 3 dias a carregar caixas, caixinhas e caixotes, entreguei as chaves da minha casa.

Dói-me tudo. Todos os músculos dos corpo. Tenho arranhões por todo o lado e muitas unhas partidas.  Dói-me.Tenho um aperto no peito que tem ficado por aqui durante o dia. Estou num estado um bocado dormente, num misto de muita felicidade e alguma angústia.

Vou ter saudades daquele ambiente de bairro, onde todos nos conhecemos. Vou ter muitas saudades de sair à rua e de demorar 45 minutos a percorrer a Avenida a pé por - simplesmente - encontrar sempre alguém muito familiar, pronto para um dedo de conversa. Vou ter saudades de receber um olá diário de pessoas que me conhecem desde sempre. Vou ter saudades de tudo.

Mas estou muito feliz. Estou a fazer em algo que quero muito. Estou ansiosa por começar a construir tudo.

Já comecei...pelo menos os senhores ali do café da frente, já me cumprimentam com uma expressão de reconhecimento. Até já me lançam piadas (daquelas que não têm piada nenhuma) e o mais incrível é que eu dou por mim a rir-me.

Entreguei as chaves hoje. Fechei a porta ainda meio a tremer. Mas nem olhei para trás. Nem sequer dei aquela última vista de olhos, só para ver se deixei alguma coisa. Não deixei nada. Levo tudo. Trago tudo o que preciso.

Ainda vai doer durante uns dias, mas nada como umas boas férias para curar tudo :)

Não me canso de dizer isto... estou feliz!