em Reunião

Estavam os 5 na sala de reunião. Eles e ela. Todos de fato. Eles com os seus computadores XPTO e ela com o seu bloco de notas e uma lapiseira amarela. Começaram. Eram quatro a avaliar um. Todos iam tomando nota dos pontos fortes e pontos fracos daquela pessoa. Das vulnerabilidades do outro.Eles nos seus computadores XPTO e ela com a sua lapiseira amarela, no seu bloco de notas. Quatro pessoas a avaliar uma. De repente ela apercebe-se. Olha à sua volta e questiona o porquê daquilo tudo. Qual a necessidade daquilo? Ela apercebe-se que já entrou neste ciclo de avaliar tudo o que os outros dizem. Aprendeu a inferir acerca de coisas que poderão-simplesmente-não ter uma conclusão. Ela apercebe-se que habituou-se tanto a julgar os outros que, por vezes, não consegue deixar de o transpor para fora daquele lugar. Será que isto retira-lhe a espontaneidade? Será que perdeu a capacidade de acreditar na ingenuidade e boa vontade dos outros? A mania da perseguição. Sim é verdade. Ela faz um esforço diário para não sentir que todas as pessoas têm segundas intenções. Hoje, dentro daquela sala com os quatro, ela teve a confirmação de onde vem a dificuldade de confiar na simples boa vontade das pessoas. É difícil ser assim. É cansativo. Seria tudo tão mais simples.